Alagoas se mantém no topo do ranking nacional de analfabetismo. Analisados pela Agência Tatu, os dados da Síntese de Indicadores Sociais (SIS) 2025, divulgados pelo IBGE, revelam que 14,2% da população alagoana com 15 anos ou mais não sabe ler nem escrever. Esse índice é mais que o dobro da média brasileira (5,3%) e superior à média do Nordeste (11,1%).
Segundo o IBGE, em 2024, o indicador em Alagoas permaneceu praticamente estável, já que o percentual de analfabetos passou de 14,1% em 2023 para 14,2% no ano passado. O Brasil registrou uma pequena redução no mesmo período de 5,4% para 5,3% , enquanto o Nordeste saiu de 11,3% para 11,1%.
Entre as capitais do Brasil, Maceió acompanha seu estado e registrou a maior taxa de analfabetismo entre todas, atingindo 6,4% de sua população.
Veja o ranking com as 10 capitais com maior índice de analfabetismo do Brasil:
Taxa de Analfabetismo nas Capitais (PNAD Contínua)
Em contraste, capitais como Florianópolis e Porto Alegre registram as menores taxas de analfabetismo do país, com um índice de 1% registrado. Em seguida aparecem o Rio de Janeiro (1,2%), Curitiba e Belo Horizonte (1,3%).
Problema estruturante
Para Sandra Regina Paz, pedagoga, graduada pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e doutora em Educação, o analfabetismo em Alagoas é um problema grave e estruturante que possui relação direta com as condições socioeconômicas e culturais do estado.
“Quando a gente fala em melhoria da qualidade educacional, seria a gente pensar políticas públicas educacionais voltadas específicamente para o segmento de jovens e adultos com uma metodologia adequada, com condições estruturais e com investimentos que garantam a inserção desse público, sobretudo jovem e adulto no âmbito das escolas com uma qualidade mais adequada de maneira que não seja apenas por meio de um programa específico, mas uma política contínua”.

Para a especialista, além de corrigir a educação de jovens e adultos, é preciso garantir o processo de alfabetização já na Educação Infantil, segundo ela esse processo ocorre majoritariamente nos três primeiros anos de formação do indivíduo. Para Sandra, o alto índice de adultos não alfabetizados é reflexo direto de um sistema que falha em consolidar o ensino nos anos iniciais.
“Uma educação de caráter séria, compromissada que garante aos estudantes ao entrar na escola, elas sejam de tempo integral, com qualidade educativa, pedagógica, infraestrutural, que permita que as crianças se alfabetizem, adquiram os códigos linguísticos, matemáticos, científicos, geográficos, culturais e que possam desenvolver sua aprendizagem”, detalha
Especialista defende política de estado permanente
Para reverter esse quadro, Paz defende o fim do que chama de “políticas de governo”, caracterizadas por projetos pontuais e sem continuidade, que muitas vezes servem apenas para “mascarar dados e realidades”. A pedagoga cobra um “grande pacto educacional” entre o estado de Alagoas e o município de Maceió, argumentando que a educação precisa ser encarada como uma política de Estado perene, capaz de impulsionar a economia de uma região ainda marcada pela pobreza e pela monocultura. “Não adiantam ações focalizadas; precisamos de ações estruturantes que de fato mudem os índices, para além do governo A, B ou C”, afirma.
Enquanto a especialista alerta que “ações focalizadas” e “projetos de governo” são insuficientes para resolver o problema estrutural, a Secretaria Municipal de Educação de Maceió (Semed) enumera programas específicos, que fazem parte do conjunto de ações que pretendem mudar os índices de analfabetismo na cidade.
“A Semed vem investindo na Educação de Jovens, Adultos e Idosos (EJAI), por meio de parcerias como o Programa Brasil Alfabetizado e a parceria inédita com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) para oferta de cursos de qualificação profissional, além de desenvolver outras ações de mobilização para garantir a matrícula e a permanência dos estudantes da EJAI”.
A Semed ainda destrincha as atividades voltadas para a educação de crianças, “Paralelamente, o Município desenvolve também ações voltadas à alfabetização na idade certa, como o programa “Alfabetiza Maceió” – que é uma ação preventiva, ainda com as crianças, para que elas sejam motivadas com a permanência e a progressão na rede. O programa envolve ainda formação continuada para os professores, materiais pedagógicos complementares, avaliações diagnósticas e acompanhamento do desempenho dos alunos”, pontua a nota.
Por fim, a secretaria diz que seguirá comprometida com a redução dos índices de analfabetismo e com a oferta de uma educação cada vez mais inclusiva e de qualidade para todos.
Já a Secretaria de Estado da Educação de Alagoas (Seduc) informou em nota suas medidas individuais tomadas para o combate do analfabetismo no estado por meio de programas e ações.
Segundo o Governo de Alagoas, foi retomado o Programa Brasil Alfabetizado (PBA) – Edição Saldos Remanescentes. O programa é focado nas áreas rurais e busca alfabetizar 14.000 jovens, adultos e idosos.
A Seduc também informou que segue com o investimento em Escolas de Tempo Integral e qualificação da EJA, e diz que a superação do analfabetismo é a maior prioridade do Estado.









