Quando a notícia parou

Quando a notícia parouJornalistas alagoanos entram em greve contra a redução salarial de 40% e desvalorização da categoria Quando a notícia parou Jornalistas alagoanos entram em greve contra a redução salarial de 40% e desvalorização da categoria Reportagem Agência Tatu Fotografia Jonathan Lins Reportagem Agência Tatu Fotografia Jonathan Lins Publicação: 01.07.2019 Atualização: 11.08.2019 Publicação: 01.07.2019

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Quando a notícia parouJornalistas alagoanos entram em greve contra a redução salarial de 40% e desvalorização da categoria

Quando a notícia parou

Jornalistas alagoanos entram em greve contra a redução salarial de 40% e desvalorização da categoria

Reportagem
Agência Tatu

Fotografia
Jonathan Lins

Reportagem
Agência Tatu

Fotografia
Jonathan Lins

Publicação: 01.07.2019
Atualização: 11.08.2019

Publicação: 01.07.2019
Atualização: 11.08.2019

O começo de tudo

Eles são os profissionais responsáveis por dar voz às causas da sociedade. Ouvir, cobrir e apresentar as reivindicações faz parte, diariamente, do ofício do jornalista. No entanto, os profissionais das três maiores empresas de comunicação de Alagoas viveram uma situação atípica: ao invés de receberem uma oferta de aumento salarial para 2019, os empresários propuseram reduzir os salários em 40% alegando dificuldades financeiras.

Com a irredutibilidade dos empresários e sem um acordo, mesmo com várias reuniões e até uma audiência mediada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), os jornalistas decidiram entrar em greve no dia 25 de junho deste ano. A paralisação mobilizou mais de 90% da categoria, segundo o Sindicato dos Jornalistas de Alagoas (Sindjornal), além da adesão de estudantes de Comunicação Social.

Durante nove dias a notícia parou de circular em Alagoas. Os profissionais cruzaram os braços deixando em stand by todo trabalho jornalístico, as entrevistas, produção e edição de conteúdo. Sites deixaram de ser atualizados, alguns programas de televisão saíram do ar e telejornais exibiram matérias reprisadas, de outros Estados ou produzidas por equipes contratadas de última hora, durante a greve.

A GREVE

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Parte 1

Terça-feira, 25 de junho – A greve começa na madrugada com os jornalistas concentrados em frente às três principais empresas de comunicação do estado: Pajuçara Sistema de Comunicação ( que abrange a TV Pajuçara, afiliada da TV Record, e Portal TNH1), Organização Arnon de Mello (TV Gazeta, afiliada da TV Globo, TV Mar, G1 AL e Gazetaweb), e Sistema Opinião de Comunicação (TV Ponta Verde, afiliada do SBT, e Portal OP9).

Em Arapiraca, jornalistas também aderem à greve e paralisam suas atividades. O Sindicato dos Jornalistas de Alagoas (Sindjornal) estima que mais de 90% dos profissionais aderiram à greve, o que inclui as assessorias que deixaram de gerar releases para a imprensa como forma de protesto.

Os telejornais da TV Gazeta, TV Pajuçara e TV Ponta Verde exibem matérias reprisadas, de outros estados e sem links ao vivo. À noite, dois dos principais programas jornalísticos da TV Pajuçara – Balanço Geral e o Pajuçara Noite – não vão ao ar por falta de conteúdo e mão de obra.

Quarta 03 - Quando a notícia parou

Parte 2

Quarta-feira, 26 de junho – A adesão dos jornalistas ganha força com o apoio espontâneo de artistas locais e é criada uma a programação cultural da greve. O portal G1 Alagoas aderiu 100% a paralisação. À noite, jornalistas se reúnem para assembleia na sede do Sindicato, localizada no bairro do Prado, e discutem os rumos da greve, que continua.

Quinta 02 - Quando a notícia parou
Quinta - Quando a notícia parou

Parte 3

Quinta-feira, 27 de junho – A mobilização acontece na frente da TV Ponta Verde e a programação cultural aumenta. Após sessão na Assembleia Legislativa de Alagoas, deputados estaduais se recusam a conceder entrevista à equipe da TV Gazeta.

A Câmara de Maceió anuncia a implantação do piso para seus assessores de comunicação, após receber uma comissão de jornalistas. O Diretório Acadêmico Freitas Neto, dos cursos de Jornalismo e Relações Públicas da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), realiza uma assembleia com os estudantes e aprova a participação dos universitários na greve, sem aplicação de faltas, prova ou trabalhos.

À tarde, Ministério Público do Trabalho mediou uma reunião de conciliação entre o Sindicato dos Jornalistas e os representantes das empresas de comunicação. Uma proposta sugerida pelos empresários foi levada aos jornalistas em assembleia, no Colégio Marista, no Farol, onde a categoria decidiu por unanimidade a continuidade da greve. (Veja o teor da proposta)

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Parte 4

Sexta-feira, 28 de junho – Ronaldo Lessa, que estava deixando a Secretaria de Estado da Agricultura, Pesca e Aquicultura (Seagri), cancela coletiva de imprensa em respeito aos jornalistas grevistas. Mais artistas aderem ao movimento que, em frente à TV Pajuçara, reúne os profissionais grevistas das três empresas, além de outros jornalistas. Restaurantes e comerciantes locais patrocinam as refeições em apoio à greve.

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Parte 5

Sábado, 29 de junho – A programação da greve dos jornalistas do sábado é voltada para um dia com a família. Jornalistas levam parentes e amigos para frente da OAM. A edição semanal do jornal impresso Gazeta de Alagoas sai em versão mais curta, com 36 páginas e 3 cadernos.

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Parte 6

Domingo, 30 de junho – O semanário O Dia Alagoas publica capa em apoio aos profissionais e dedica a edição aos acontecimentos da greve. Jornalistas movimentam as redes sociais com tuitaço. A hashtag #6DiasSemElas chega no segundo lugar dos Trending Topics do Twitter.

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Parte 7

Segunda-feira, 01 de julho – Jornalistas levam suas reivindicações aos semáforos da avenida mais movimentada de Maceió, a Fernandes Lima, no Farol. Outro grupo vai ao Centro da cidade para conversar com a população e explicar as mudanças nos programas televisivos. Em Arapiraca, jornalistas distribuem flores para a população e fazem “Greve com Arte”, um dia de apresentações culturais com a participação de diversos artistas.

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Parte 8

Terça-feira, 02 de julho – A mobilização completa oito dias em Alagoas e os veículos seguem com matérias reprisadas, de outros estados e poucas atualizações nos sites, a maioria sobre a própria greve. No Centro de Maceió, jornalistas vãos às ruas para conversar com a população e distribuir rosas.

Profissionais reclamam da falta de qualidade nos materiais exibidos e mobilizam a hashtag #IssoaTVNãoMostra. O Ministério Público do Trabalho (MPT) de Alagoas apresenta parecer contrário à redução do piso salarial da categoria e favorável ao reajuste de 5% em cima do atual piso dos profissionais (confira aqui).

Os veículos de comunicação, por meio das redes sociais, televisão e sites, emitem uma nota de esclarecimento sobre a greve dos jornalistas.

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Parte 9

Quarta-feira, 03 de julho – Chega o dia do julgamento do dissídio, no Tribunal Regional do Trabalho (TRT), e jornalistas se reúnem em frente ao órgão. A hashtag #LuteComoUmjornalista alcança o primeiro lugar nos Trending Topics do Twitter.

Em julgamento, os desembargadores do TRT acompanharam o voto do relator, Laerte Neves, que julgou procedente em parte, concedendo reajuste de 3% no valor do piso salarial da categoria dos jornalistas, não concedendo assim a redução salarial proposta pelas empresas. A categoria pleiteava o percentual de 5%. O novo piso passa a ser de R$ 3.672,22. O reajuste será concedido em 4 x de 0,75%, referente aos meses de maio, junho, julho e agosto.

O TRT também votou a favor da manutenção do salário dos profissionais empregados atualmente pelo período de três meses a partir da data do acórdão.

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Parte 10

Quinta-feira, 04 de julho – Todos os jornalistas retornam às atividades normalmente. As notícias voltam a circular. Na OAM, menos de 12 horas do fim da greve e antes mesmo da publicação do acórdão, 15 profissionais são demitidos, alguns com mais de 25 anos na casa. Outros jornalistas que participaram da greve são remanejados de função e retirados de cargos de chefia.

O Sindjornal convoca uma assembleia extraordinária na Sede do Sindicato dos Bancários, no Centro. Os 15 jornalistas demitidos são homenageados durante a assembleia. Advogados falam sobre as medidas jurídicas que serão tomadas.

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Parte 11

Sexta-feira, 05 de julho – O dia começa com um Twitaço falando sobre as demissões. A hashtag #CollorDemiteGloboSeCala atinge o segundo lugar dos assuntos mais comentados do país. A Federação Nacional dos Jornalistas emite nota repudiando as demissões (veja aqui).

A âncora do ALTV 1ª edição retorna após atestado médico, mas é remanejada para a edição do telejornal e a apresentadora, contratada durante a greve, assume a bancada. Jornalistas e estagiários da OAM recebem o salário do mês com desconto referente aos dias de greve. Em duas horas, estagiários tiveram o valor reposto pela categoria.

Ministério Público do Trabalho convoca os profissionais demitidos para uma reunião. OAM é notificada para reintegrar os funcionários e tornar sem efeito às demissões.

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Parte 12

Terça-feira, 9 de julho – OAM ignora notificação do MPT para reintegrar os funcionários demitidos. Uma ação civil pública é ajuizada pelo MPT, contra a OAM, por ato antissindical e discriminatório, já que todos os demitidos participaram da greve dos jornalistas. A multa diária solicitada à Justiça, pelo descumprimento, é de R$ 50 mil.

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Parte 13

Sexta-feira, 12 de julho – Estagiários do PSCOM não tiveram os contratos renovados. Jornalistas se juntam em busca de oportunidades para os estudantes.

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Parte 14

Terça-feira, 16 de julho – O Sindicato dos Jornalistas consegue liminar no Tribunal Regional do Trabalho determinando a reintegração, em 48h, dos 15 jornalistas demitidos. Na decisão, o juiz do Trabalho Luiz Henrique Candido da Silva afirma que “há prova robusta do direito invocado e do ato patronal que lhe é lesivo”.

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Parte 15

Sexta-feira, dia 19 – Os jornalistas vão até a OAM para tentar a reintegração, mas apenas 3 dos 15 profissionais demitidos conseguem retornar imediatamente às atividades.

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Parte 16

Segunda-feira, dia 22 – Os 12 profissionais que faltavam ser reintegrados retornam às atividades, mas exercendo funções diferentes.

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Parte 17

Segunda-feira, 05 de agosto – Um mês após as demissões na TV Gazeta, nove jornalistas, entre apresentadores, repórteres, cinegrafistas e editores de texto, são demitidos da TV Pajuçara, afiliada da Record TV. Todos haviam aderido à greve da categoria. A emissora também anunciou o fim do jornal Pajuçara Noite, que era composto por pelo menos quatro dos jornalistas demitidos (veja nota aqui).

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Parte 18

Terça-feira, 06 de agosto – As demissões na TV Pajuçara continuam e mais cinco profissionais são desligados da emissora. Professores do curso de Comunicação Social da Universidade Federal de Alagoas emitem nota contra as demissões no Pajuçara Sistema de Comunicação. Uma reunião é realizada com MPT, Sindjornal e os trabalhadores demitidos.

A MOBILIZAÇÃO NO TWITTER

Após o fim da greve dos jornalistas de Alagoas, a Agência Tatu traz à tona a repercussão da mobilização por meio de dados do Twitter. A partir das #hashtags utilizadas durante a paralisação – no período de 24 de junho a 1º de julho –  foi possível mensurar a atuação do movimento grevista por meio da internet, que atraiu olhares de autoridades políticas, artistas, ativistas, influenciadores digitais, jornalistas espalhados pelas redações do Brasil e do público em geral.

Do primeiro ao nono dia da mobilização, a greve dos jornalistas alagoanos foi um dos assuntos mais comentados do Twitter localmente, chegando, inclusive, a liderar o Trending Topics da rede social na região já nas primeiras horas da manhã de terça-feira, 25 de julho, com 3.993 mil tweets – uma média de 166 tweets por hora – atribuído à tag #QuemPagaFazAoVivo.

Marcando o domingo (30), #6DiasSemElas superou #QuemPagaFazAoVivo e conseguiu registrar uma média de 172,3 tags postadas por hora, totalizando 4.137 tweets. Veja abaixo o volume de tweets publicados sobre a mobilização durante a greve:

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Levando em consideração o perfil das pessoas que interagiram com as hashtags nos nove dias levantados pela reportagem da Agência Tatu, mais de 9.2 milhões de perfis foram potencialmente atingidos pelas informações sobre a greve.

Para se ter uma ideia, somente os microblogs da rede de televisão multiestatal @teleSURtv, com sede na Venezuela, do jornalista do El País @XicoSa e do psolista @GuilhermeBoulos – que curtiram, comentaram ou publicaram sobre a paralisação – somam mais de 3,7 milhões de seguidores, número que ultrapassa a população de Alagoas, conforme dados do último censo do IBGE com 3,322 milhões de pessoas.

Nomes como do ex-presidenciável Guilherme Boulos, do historiador  Laurentino Gomes, do ator global José de Abreu, do ex-ombudsman da Folha de São Paulo Mário Magalhães e da jornalista do The Intercept Brasil Nayara Felizardo ajudaram a amplificar a atuação virtual nos nove dias de greve dos profissionais alagoanos.

Ao lado das cinco personalidades selecionadas acima, outras 2.464 pessoas dos quatro cantos do país e do mundo também impulsionaram e contribuíram para que a greve do profissional que trabalha dando voz às reivindicações da sociedade virasse notícia.

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Relembre as hashtags

#QuemPagaFazAoVivo (25 de junho) – Alusão ao programa Bom Dia Alagoas, matutino da Rede Globo local, que foi ao ar gravado no dia anterior;

#TemMasTaFaltando (26 de junho) – Referência aos jornais das TVs locais e sites que não conseguiram manter um conteúdo de qualidade durante a greve e chegaram a recorrer a reportagens de outros estados;

#AGreveÉNossa (27 de junho) – Trocadilho da famosa música “Um Novo Tempo” do fim de ano da Rede Globo;

#sEstouNaGreve (28 de junho) – Jogo de palavras com o neologismo “sextar” utilizado nas redes sociais no último dia da semana;

#GreveEmFamília (29 de junho) – Durante o sábado, o Sindicato dos Jornalistas e alguns parceiros promoveram uma espécie de Rua Fechada com diversão para os filhos e parentes dos profissionais;

#6DiasSemElas – (30 de junho) – Número de dias que a população alagoana estava sem  notícias atualizadas;

#JornalismoDeSegunda (01 de julho) –  Referência à falta de qualidade do jornalismo que estava sendo feito durante os dias de mobilização;

#IssoATVNãoMostra (02 de julho) – Contrarresposta à nota de esclarecimento assinada e divulgada nos sites e nos telejornais das três empresas de comunicação com conteúdo duvidoso sobre a greve

#LuteComoUmJornalista (03 de julho) Hashtag que marca o dia do dissídio dos jornalistas pelo TRT.

Também compõem a lista as seguintes hashtags: ‘#NãoDêEntrevista’  ‘#ReducaoSalarialNão’, ‘#ReintegraCollor’, ‘#HojeAGreveÉSua’, ‘#QuemNaoPagaGrava’, ‘#GrevedosJornalistas’,  ‘#NenhumJornalistaAMenos’, ‘#ReintegradeVerdadeOAM’ e ‘#CollorDemiteGloboSeCala’.

O QUE DIZEM AS EMPRESAS

As empresas emitiram um comunicado, por meio das suas redes sociais e televisão, em que falam sobre a intenção de chegar a um acordo com os profissionais, durante diversas audiências, mas sem obter sucesso. A nota, assinada pelas três empresas, diz que em uma das propostas apresentadas durante as negociações foi a de inclusão de faixas salariais, além do atual piso da categoria.

O comunicado alega ainda que uma segunda proposta garantia a manutenção do atual piso salarial para todos que já estão contratados e para um novo profissional contratado o piso atual por um período pré-determinado.

Uma terceira proposta apresentada e rejeitada pela categoria, segundo as empresas, seria a de construir três níveis salariais, estando o piso atual no patamar intermediário. A nota é finalizada afirmando que “Não é verdadeira, portanto, a informação de que as empresas querem reduzir os salários dos jornalistas”.

Confira o comunicado na íntegra:

Diante da propagação de que as Empresas de Comunicação de Alagoas querem reduzir salário dos jornalistas esclarecemos que, após várias tentativas de negociação com o Sindicato dos Jornalistas de Alagoas, não houve acordo e parte da categoria decidiu entrar em greve.
A proposta apresentada pelas empresas, e rejeitada pela maioria dos jornalistas em Assembleia foi:

Incluir faixas salariais além do piso atual de R$ 3.565,27 para 5 horas de trabalho por dia. A proposta foi rejeitada pelos jornalistas.

Em uma segunda proposta, também rejeitada pelo Sindicato mesmo sem apreciação em assembleia, as empresas incluíram a garantia do atual piso salarial para todos que já estão contratados. Além disso, em caso de substituição, o novo profissional contratado também receberia o valor do piso atual por um período pré-determinado. Na ocasião dessa segunda proposta também estava garantida a manutenção de todas as cláusulas sociais já estabelecidas.

Por último, o Ministério Público do Trabalho, acionado pelo próprio Sindicato dos Jornalistas, tentou construir mais uma proposta que previa a implantação de 3 níveis salariais: um nível maior que o piso atual, um intermediário correspondente ao valor atual de R$ 3.565,27 e um piso INICIAL. Apesar de discordar de alguns pontos, as empresas aceitaram a proposta do Ministério Público do Trabalho e, lamentavelmente, mais uma vez, os jornalistas recusaram.

Não é verdadeira, portanto, a informação de que as empresas querem reduzir os salários dos jornalistas.

Organização Arnon de Mello
Sistema Opinião de Comunicação
Pajuçara Sistema de Comunicação

O QUE DIZ O SINDICATO

Em nota de resposta, o Sindjornal alegou que as informações prestadas no comunicado das empresas apresentava informações que “não correspondem com a verdade”.
O sindicato afirmou ainda que, nas seis negociações, as empresas se posicionaram pela redução do piso salarial e que a nota veiculada “manipula as informações para distorcer a verdade”.

Sobre propostas apresentadas, o Sindjornal alega que, em uma delas, os níveis salariais apresentados estabeleciam o atual piso como teto da categoria. A nota segue dizendo que “a informação que as empresas querem reduzir o piso é, portanto, verdadeira e ganhou força nessa quarta-feira, com o parecer do MPT que reforça a posição do Sindjornal durante toda essa tentativa de negociação”.

Confira a nota na íntegra:

Diante da nota divulgada pelas três maiores empresas de comunicação de Alagoas precisamos esclarecer que muitas das informações veiculadas não correspondem com a verdade.

As empresas alegam que foram várias as tentativas de negociação. Ao todo, foram seis oportunidades, mas é importante frisar que em todas elas, as empresas se posicionaram de forma irredutível pela redução do piso salarial. E por isso, a categoria decidiu entrar em greve.

Na nota divulgada, as empresas manipulam as informações para distorcer a verdade. Ao longo de todas as tratativas, a proposta das empresas foi uma só: redução de 40% do piso salarial para os novos contratados, dando aos atuais empregados uma estabilidade de piso por apenas 1 ano.

O que a categoria decidiu em assembleia, foi que isso representaria uma forma de substituir toda mão de obra atual, por uma mais barata e precária – uma vez que as empresas de Alagoas, historicamente, fazem do piso o teto salarial.

Outro ponto onde as empresas mentiram na nota é de falsamente acusar o Sindicato dos Jornalistas de tomar uma decisão sem consultar a base. Uma informação descabida, totalmente desprovida da verdade e que visa buscar dividir o movimento que conta com adesão de cerca de 95% da categoria.

No dia que antecedeu a deflagração da greve, as empresas apresentaram uma proposta estabelecendo níveis diferenciados de pagamento com novos valores de piso tendo o atual como escala superior. Na prática, reduzindo a categoria a duas esferas e estabelecendo o atual piso como teto.

Na oportunidade, o Sindjornal encaminhou uma contraproposta que tinha como ideia central uma alternativa construída com representantes da TV Gazeta. O documento levado reflete aquilo discutido e foi apresentado como alternativa a proposta assinada pelas empresas. Vale ressaltar, que o diretor da TV Pajuçara sequer se deu ao trabalho de receber o documento. Mesmo assim, levamos a proposta aos mais de 150 profissionais que participaram da assembleia, que rejeitou de forma unânime a última proposta das empresas.

Incluindo nesses votos, jornalistas detentores de cargos de chefia, que depois foram pressionados, e mesmo votando a favor da greve, voltaram a exercer suas atividades. Tal assembleia está devidamente registrada com fotos, vídeos e listas.
Sobre a proposta do MPT, mais uma assembleia foi realizada, e a proposta foi negada, entre outros pontos a categoria não admitiu a possibilidade de reduzir o piso. Vale ressaltar que o valor atual sendo colocado como uma faixa intermediária, até foi discutida, mas não estava escrita e registrada no documento. 

Logo, a proposta foi considerada ruim para os jornalistas. A informação que as empresas querem reduzir o piso é, portanto, verdadeira e ganhou força nessa quarta-feira, com o parecer do MPT que reforça a posição do Sindjornal durante toda essa tentativa de negociação. Reiteramos que sempre buscamos negociar, mas a intransigência esteve sempre do lado das empresas, que insistem no discurso da necessidade de reduzir o piso salarial dos jornalistas.


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