Em meio ao complexo cenário político brasileiro, responder quais governadores do Nordeste são de direita ou de esquerda pode ser um verdadeiro desafio. Um levantamento da Agência Tatu, feito a partir das siglas dos partidos dos atuais governadores e com a consulta a especialistas, mostra o cenário político em 2025.
O PT (Partido dos Trabalhadores) é a sigla com mais governadores nos estados da região Nordeste. O partido tem o governador Jerônimo Rodrigues comandando o estado da Bahia, Elmano de Freitas no Ceará, Rafael Fonteles no Piauí, além de Fátima Bezerra no Rio Grande do Norte
Já o Partido Socialista Brasileiro (PSB) tem João Azevêdo que governa o estado da Paraíba e o governador Carlos Brandão que comanda o executivo do Maranhão.
O PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira) comanda Pernambuco com a governadora Raquel Lyra. O PSD (Partido Social Democrático) tem o governador Fábio Mitidieri em Sergipe e o MDB (Movimento Democrático Brasileiro) tem Paulo Dantas, que governa Alagoas.
Lideranças regionais fazem que em cada região o partido assuma uma feição
Para afirmar se esses governos são de esquerda ou direita, é preciso primeiro levar em consideração a complexidade da classificação no Brasil, como explica o professor Magno Francisco, doutorando em filosofia pela Universidade Federal de Sergipe e mestre em história pela UFAL.
“No Brasil, existem muitos partidos. Podemos dizer que na esquerda radical há a UP, PCB, PSTU e PCO. A esquerda reformista seria o PT, PSOL, PDT e PC do B. Na direita o cenário é mais complexo porque o pragmatismo é maior, mas é possível dizer que DEM, NOVO E PL são os partidos radicais à direita e PSDB e MDB seriam uma direita liberal, porém, nesses partidos há uma forte influência de lideranças regionais que fazem com que em cada região o partido assuma uma feição”, explica

De acordo com o especialista, a atuação política dos governadores transita da esquerda para direita de acordo com a conveniência. “Como funcionam com princípios muito flexíveis, a esquerda reformista e a direita liberal às vezes adotam posturas típicas da direita radical”, explica o professor, que cita como exemplos os casos de violência policial na Bahia governada pelo PT ou a dificuldade do governo emedebista de Alagoas em chegar a acordos com trabalhadores grevistas no estado.
A Complexa divisão política no Brasil
Em um cenário político com quase 30 partidos, entender a distinção entre esquerda e direita no Brasil é um desafio, como explica a cientista política Luciana Santana, professora da Universidade Federal de Alagoas (UFAL). “No Brasil, é muito difícil você se declarar ‘efetivamente de direita ou de esquerda’ porque outros conceitos se misturam”, afirma.

A esquerda, segundo a professora, abrange ideologias como a social-democracia, o progressismo, o socialismo e o ambientalismo. No campo econômico, ela busca uma atuação estatal forte para garantir uma economia “mais justa e solidária”, focada na distribuição de renda e na intervenção do Estado para promover a justiça social.
A direita, por sua vez, atua em um sentido oposto. Para ela, o Estado não deve intervir na economia, que seria mais eficiente por meio da autorregulação do mercado. Essa visão está fortemente associada ao liberalismo econômico, que defende a livre iniciativa e a proteção da propriedade privada.
Na prática, essas diferentes visões se refletem nas prioridades de governo. “Governos de esquerda tendem a ter um gasto social muito maior do que governos de direita”, pontua Santana. O foco de um governo de esquerda estaria em políticas públicas voltadas para o bem-estar social. Já a direita, mais preocupada com a austeridade fiscal, busca um “estado mais enxuto”, com menos gastos e intervenções. É a partir dessas escolhas que conseguimos identificar as inclinações ideológicas de um governo, mesmo que a falta de uma cultura política sólida no país leve, por vezes, a certas incoerências.









