Mais de 200 crianças e adolescentes sofreram violência sexual em AL este ano

Dados são do primeiro trimestre de 2021; 91% das vítimas registradas eram do sexo feminino

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Todos os anos, a campanha do Maio Laranja busca dar voz ao assunto da violência sexual contra crianças e adolescentes. Somente nos três primeiros meses deste ano, foram registrados 211 casos de violência sexual contra menores de idade em Alagoas.

Do total, 193 vítimas eram do sexo feminino, o que representa um total de 91%.O número mostra um aumento preocupante quando comparado ao primeiro trimestre de 2020, quando foram registrados 25 casos a menos.

Os dados, analisados pela Agência Tatu, foram fornecidos pela Secretaria de Prevenção à Violência (Seprev). Em Alagoas, o Instituto Médico Legal é o órgão responsável pelos procedimentos de exame de corpo de delito e, desde outubro de 2019, também recebe o apoio de uma ala específica para esses casos no Hospital da Mulher, localizado no bairro do Poço, parte baixa da capital alagoana.

De acordo com outra reportagem da Agência Tatu, a violência sexual representou quase 60% dos casos totais de agressão a crianças e adolescentes no último ano, com 742 casos registrados. Destas vítimas, 87% eram meninas.

Atendimento

A Seprev conta com uma equipe multidisciplinar no Instituto Médico Legal, auxiliando no atendimento inicial às vítimas, como explica a psicóloga responsável pelo Núcleo de Atendimento à Criança e Adolescente Vítima de Violência (NACAVV) da Secretaria, Ana Laura Reis.

nacavv - Mais de 200 crianças e adolescentes sofreram violência sexual em AL este ano
Naccav fica localizado na Casa de Direitos, no Mirante do Jacintinho (Foto: Vitor Beltrão/Seprev)

“Na maioria das vezes a vítima chega ao IML para atendimento muito abalada emocionalmente, principalmente quando a violência acabou de ocorrer. Então os profissionais que entram em contato com essa vítima devem agir com muito cuidado, não fazendo perguntas e intervenções inadequadas para não revitimizá-la”, relata a psicóloga.

Ainda segundo a profissional, as vítimas são encaminhadas para o Núcleo de Atendimento, onde elas são acompanhadas por psicólogos, assistentes sociais e advogados, recebendo as orientações e encaminhamentos pertinentes ao caso. Esse atendimento também se estende aos familiares e dura, em média, seis meses, podendo ser prorrogado a depender de cada caso específico.

“Os primeiros atendimentos são realizados na tentativa de estabelecer um vínculo com a criança. Isso ocorre por meio da sensibilização, do acolhimento e da escuta ativa. Algumas crianças podem demorar a conseguir falar sobre o assunto, por esse motivo, o fortalecimento da relação entre terapeuta e vítima  é fundamental”

Como denunciar

As denúncias para violência sexual podem ser feitas por meio do Disque 100 (Disque Direitos Humanos), pelo Disque 181 (Polícia Militar), ou pelo aplicativo Violência Zero da Seprev, disponível para dispositivos Android.

*Estagiária sob supervisão da Editoria.

Dados abertos

Prezamos pela transparência, por isso disponibilizamos a base de dados e documentos utilizados na produção desta matéria para consulta:

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