Mulheres jovens apresentam mais queixas de sofrimento mental durante a pandemia

Dados são do programa Alô Saúde Mental e apontam adoecimento dos alagoanos neste período 

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Durante a Pandemia da covid-19 e a necessidade de se manter em isolamento social, muitas pessoas começaram a apresentar algum tipo de adoecimento mental, causado pelas preocupações relacionadas à doença. Somente em um canal de atendimento psicossocial de Alagoas, o Alô Saúde Mental, 2.583 ligações foram registradas.

Os dados são da Secretaria de Saúde de Alagoas (Sesau) e foram coletados pela Agência Tatu. Criado em junho de 2020 para prestar assistência psicológica aos alagoanos que desenvolveram transtornos mentais durante a pandemia da Covid-19, o programa atendeu a alagoanos de 23 municípios de Alagoas até 31 de julho deste ano, quando foi encerrado.

Perfil dos atendidos pelo Alô Saúde Mental

Entre as queixas mais frequentes relatadas nas ligações, os de  tristeza correspondem a 29%; já as crises de ansiedade foram responsáveis por 24% dos registros. Com relação aos sintomas declarados pelos usuários do serviço, 10% relataram que estavam com medo, outros 10% com pânico e mais 10% com taquicardia.

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No atendimento também eram avaliados a intensidade, em que 49% dos atendidos relataram apresentar sintomas intensos, 30% moderados, 12% sintomas leves e 9% muito intensos. Já com relação à frequência dos sintomas, 13,89% disseram sentir uma vez por semana, 23,61% uma vez por dia, 36,11% mais de uma vez por dia e 26,39% relataram sentir os sintomas o tempo todo.

As mulheres representam 71% dos atendidos, enquanto os homens foram 29%. Quanto à faixa etária, 43% tinham entre 18 e 29 anos, 30% possuíam idade de 30 a 39 anos, 18% possuíam entre 40 a 49 anos, 7% na faixa etária dos 50 a 59 anos, 1% informaram ter entre 60 aos 69 anos de idade e 1% afirmou  ter 70 anos ou mais.

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É importante estar atento aos sintomas para que eles não sejam confundidos, como explica a psicóloga Cristina de Macedo. “São possíveis detectar variações no humor, instabilidade no sono, cansaço, vazio emocional, incapacidade para extrair prazer da vida, sensação de que o tempo parou (falta de esperança). Além disso, a ansiedade também faz parte do quadro depressivo”. Macedo também destaca que em cada pessoa esses sintomas podem vir acompanhados de outros sinais.

Onde encontrar apoio?

Em Alagoas, existem 57 Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), que são destinados, primordialmente, ao atendimento dos casos de transtornos mentais graves, severos e persistentes de todas as faixas etárias. Confira onde encontrar os CAPS no estado.

Um dos Centros que atende a esses pacientes é o Rostan Silvestre, que fica no bairro da Jatiúca, em Maceió. A unidade atende a uma demanda média de 150 pacientes por semana.

Entre as atendidas, está Maria**, de  39 anos, que iniciou o tratamento em 2020, após um período de internamento em um hospital psiquiátrico. Com diagnóstico de esquizofrenia, a paciente apresentava sofrimento mental intenso com prejuízo nas atividades da vida diária e relações familiares.

Após a convivência com as atividades da Caps, a usuária relata melhora em sua saúde mental.“Desde que eu entrei aqui eu me senti diferente, eu mudei. Me sinto muito feliz e satisfeita em estar aqui”, afirmou ela.

Nestes Centros são realizados o acolhimento inicial; atendimentos individuais e às famílias; atividades interativas, como auriculoterapia, reiki, massagem relaxante, meditação, dança e oficinas terapêuticas com diversos trabalhos manuais. Para ser atendido em um Caps é necessário procurar o serviço  com original e cópia de um documento com foto, CPF, Cartão SUS e comprovante de residência.

*Estagiária sob a supervisão da Editoria
** Nome fictício criado para preservar a identidade da paciente

Dados abertos

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