Setembro Amarelo: hospitais de AL atenderam 2.592 tentativas de suicídio desde janeiro de 2019

Dados são do HGE, em Maceió, e HEA, em Arapiraca

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Em 2003 o dia 10 de setembro foi escolhido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. Desde então, diversos países adotaram o  mês de setembro como uma referência tanto para traçar estratégias de divulgação do problema quanto para ajudar a combater o suicídio.

De acordo com análise feita pela Agência Tatu, de janeiro de 2019 a agosto de 2021, o Hospital Geral do Estado (HGE), que fica em Maceió, e o Hospital de Emergência do Agreste (HEA), localizado em Arapiraca, registraram 2.592 atendimentos a pacientes que tentaram tirar suas próprias vidas. Deste total, 805 casos foram registrados no HGE e 1.787 no HEA. Uma situação que, para ser solucionada, depende de fatores multidisciplinares e assistência psicossocial frequente.


Valorização da Vida

No Brasil, a campanha do Setembro Amarelo iniciou em 2015 e foi idealizada pelo Centro de Valorização da Vida (CVV), o Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). O CVV mantém um telefone para prestar apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo de forma voluntária e gratuita a todas as pessoas que queiram ou precisem conversar.

Além dos casos de tentativa de suicídio atendidos nos dois maiores hospitais públicos de Alagoas, a Agência Tatu analisou também um relatório com as ligações feitas ao CVV por quem precisa de ajuda. De acordo com as informações extraídas, o Piauí lidera o ranking de chamadas, com 1.505 ligações a cada 100 mil habitantes, de janeiro a junho deste ano. No total, foram registrados 50.291 chamados dos piauienses.

Em seguida vem a Paraíba com 1.122 ligações  a cada 100 mil habitantes, totalizando 45.517 ligações somente no primeiro semestre deste ano. Sergipe ocupa o terceiro lugar, com 1.109 chamadas feitas a cada 100 mil habitantes, além de um total de 25.310 ligações. Alagoas tem o segundo menor número de ligações: 785 ligações a cada 100 mil habitantes, totalizando, de janeiro a junho, 26.049 chamadas ao CVV.


A psicóloga Jéssica Ballesteros explica a importância de ajudar as pessoas que apresentam algum sofrimento mental e, muitas vezes, não encontram um ambiente que seja aberto a falar desse assunto.

“O suicídio ainda é  um tema cercado de tabus, que, no conceito geral da sociedade, não se deve falar abertamente para que não seja estimulado, mas é o oposto disto. Se feito de maneira responsável, sem sensacionalismo e visando orientação e prevenção é importantíssimo que se discuta o suicídio amplamente nos meios de comunicação”, pontuou Jéssica.

A psicóloga reforça que a pauta da saúde mental precisa ser levada como prioridade não só pela sociedade, como também pelos próprios familiares da pessoa com sofrimento mental, as encorajando a buscar ajuda.

“Ao identificar sinais de alerta, como, por exemplo, alterações extremas de humor, isolamento, verbalizações “queria morrer”, “você vai sentir a minha falta”, “Eu queria poder dormir e nunca mais acordar” deve-se procurar ajuda, pois é um grande mito pensar que quem quer se matar não avisa. Normalmente, o suicídio ou a tentativa, é precedida de inúmeros avisos”, completou Ballesteros.

ONDE PROCURAR AJUDA

Para quem está com algum sofrimento mental é fundamental buscar apoio psicossocial desde os primeiros sintomas, como variações no humor, instabilidade no sono, cansaço, vazio emocional, incapacidade para extrair prazer da vida, sensação de que o tempo parou, falta de esperança e desânimo.

As pessoas podem ainda buscar ajuda nos seguintes contatos e locais: 

Centro de Valorização à Vida (CVV) 

24 horas

Telefone: 188

Centro de Promoção de Saúde, Educação e Amor à Vida (CAVIDA)

Telefone: 82 98879-2710

Acolha-me - Apoio Emocional por telefone

Telefone: 82 9-9941-0326

Confira os Centros de Atenção Psicossocial por estado aqui.

*Estagiária sob a supervisão da Editoria

Dados abertos

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