Alagoas registrou 3348 casos de hanseníase nos últimos dez anos

Medicação usada no tratamento dos pacientes está em falta no país desde outubro do ano passado

hanseniase foto - Alagoas registrou 3348 casos de hanseníase nos últimos dez anos
Compartilhe

Caracterizada por apresentar manchas na pele com alteração de sensibilidade e, em alguns casos, comprometimento dos nervos periféricos, a Hanseníase foi diagnosticada em 3348 pessoas  nos últimos dez anos em Alagoas. Os dados, coletados pela Agência Tatu, foram registrados pela Secretaria de Estado da Saúde de Alagoas em todos os municípios de 2011 a 2020.

hanseniase tatu - Alagoas registrou 3348 casos de hanseníase nos últimos dez anos
Arte: Agência Tatu

Intitulado Janeiro Roxo, o primeiro mês do ano intensifica ações voltadas ao diagnóstico precoce e tratamento da doença que, apesar de ter cura, pode deixar sequelas caso tratada tardiamente.

Santana do Ipanema contabiliza maior número de casos por habitante

Ainda segundo os dados da Sesau, Santana do Ipanema aparece como o município  com a maior quantidade de casos por habitante. Na cidade do sertão alagoano, a incidência é de 460 pacientes diagnosticados com hanseníase a cada 100 mil habitantes.

Palestina aparece em segundo lugar, com 357 pessoas com hanseníase a cada 100 mil habitantes. Depois vem Barra de São Miguel com 346 , Pão de açúcar com 257 e Delmiro Gouveia com 262 a cada 100 mil habitantes.



Mas o que é Hanseníase?

A hanseníase, que já foi conhecida como lepra, é uma das doenças mais antigas, com registro de casos há mais de 4000 anos. A transmissão acontece por meio da convivência prolongada com um portador da forma multibacilar da doença, que não está em tratamento, com gotículas de saliva ou secreções do nariz.

Itaniely Gomes, enfermeira do Programa de Combate à Hanseníase da Sesau, explica que a forma de transmissão de contágio é bem parecida com a da tuberculose.

A hanseníase tem duas formas de classificação operacional, que é utilizada para direcionar o tratamento do paciente. Paucibacilar ou multibacilar. No primeiro caso o usuário apresenta menos de cinco lesões de pele. Já se o paciente tem mais de cinco lesões na pele e apresenta alguma alteração de nervos periféricos, o tratamento vai ser diferente [multibacilar]. O multibacilar é o agravamento da doença e forma transmissível”, detalha a técnica.

hanseniase foto - Alagoas registrou 3348 casos de hanseníase nos últimos dez anos
Foto: EBC / Agência Brasil

Na forma paucibacilar o usuário vai apresentar manchas na pele e algum tipo de perda de sensibilidade, mas de forma mais leve (térmica, tátil e/ou dolorosa). Já no caso multibacilar aparecem alterações no nervo,  dedos em garra, mão ou pé caído, úlcera no pé, entre outros agravamentos da doença.

Da aquisição da bactéria até a manifestação dos sintomas pode variar de seis meses a cinco anos. Cerca de 90% da população têm defesa contra a doença. Dos 10% restantes, alguns podem apresentar e curar de forma espontânea, mas outros precisarão realizar o tratamento.

Falta de medicamentos prejudica tratamento dos usuários

O tratamento para hanseníase é gratuito e feito pelo Sistema Único de Saúde. No entanto, desde o ano passado as medicações não chegam às Secretarias Estaduais de Saúde do País. Em nota, o Ministério da Saúde informou que a previsão de recebimento das medicações era para outubro do ano passado, mas que não foi possível devido à impureza detectadas nos testes finais do produto que seria enviado ao Brasil. Esses insumos são produzidos no exterior e doados pela Organização Pan-americana de Saúde (OPAS/OMS) ao país.

Ainda em [su_tooltip style=”dark” position=”south” size=”1″ title=”NOTA DO MINISTÉRIO DA SAÚDE SOBRE A FALTA DE MEDICAÇÃO PARA TRATAMENTO DA HANSENÍASE” content=”O Ministério da Saúde esclarece que para o tratamento da Hanseníase no SUS, são ofertados pela pasta os seguintes esquemas terapêuticos: blister paucibacilar adulto e infantil (PBA e PBI), blister multibacilar adulto (MBA), esquemas substitutivos e, medicamentos para o tratamento das reações hansênicas. Os estados tem relatado faltas pontuais do tratamento multibacilar adulto (MBA), pelo atraso na entrega da doação do medicamento pela Organização Pan-americana de Saúde (OPAS/OMS). O envio do medicamento utilizado no tratamento de pacientes com hanseníase, em especial os multibacilares adultos (PQT-MBA), estava previsto para outubro/2020. Entretanto, os testes finais realizados no produto detectaram impurezas (desvio na qualidade) dos medicamentos que seriam enviados ao Brasil. Dessa forma, foi necessária a produção de novos lotes do medicamento para envio ao Brasil. O Ministério da Saúde está em tratativas para que o medicamento chegue ao país o mais breve possível para garantir a continuidade do tratamento dos pacientes com diagnóstico de hanseníase.”]nota[/su_tooltip], o Ministério afirmou que “está em tratativas para que o medicamento chegue ao país o mais breve possível para garantir a continuidade do tratamento dos pacientes com diagnóstico de hanseníase”. Confira a nota na íntegra.

Dados abertos

Prezamos pela transparência, por isso disponibilizamos a base de dados e documentos utilizados na produção desta matéria para consulta:

Encontrou algum erro? Nos informe por aqui.

Recomendado para você

Capa da matéria sobre Importações de remédios à base de cannabis. Imagem com fundo verde escuro, o desenho de uma planta de cannabis ao fundo e uma mão aberta com um frasco de conta gotas ao meio.

Importações de remédios à base de cannabis crescem mais de 100% a cada ano

Levantamento da Agência Tatu mostra a situação da regulamentação nos estados do Nordeste
Ilustração om fundo amarelo e duas mãos juntas ao centro com um laço na palma. Capa da matéria sobre atendimentos do Centro de Valorização da Vida (CVV) para o setembro amarelo.

Atendimentos do Centro de Valorização da Vida aumentam 14% em 2023; veja como funciona o serviço

No mesmo período, o número de voluntários caiu em 16%
Capa da matéria "Câncer de pele é o mais incidente em todas as regiões do país, exceto no Nordeste", publicada originalmente na Agência Tatu.

Câncer de pele é o mais incidente em todas as regiões do país, exceto no Nordeste

Na região, o câncer de mama é o que possui maior número de diagnósticos
Capa da matéria "Em 21 anos, estados do Nordeste realizam mais de 71 mil transplantes de órgãos" publicada originalmente na Agência Tatu.

Em 21 anos, estados do Nordeste realizam mais de 71 mil transplantes de órgãos

Série histórica analisa dados do Ministério da Saúde de 2001 a 2021