Enquanto a quantidade de pessoas contaminadas pelo novo coronavírus alcançou altos índices, o número de alagoanos que contraíram dengue teve uma grande redução ano passado. De acordo com dados coletados pela Agência Tatu, a Secretaria de Estado da Saúde de Alagoas registrou, em 2020, 1.983 casos de uma das principais doenças ligadas ao mosquito Aedes aegypti, o que representa uma redução de 85,7% com relação ao ano anterior, quando foram confirmados 13.894 casos.
O número de mortes por dengue também sofreu redução. Enquanto em 2019 foram confirmados sete óbitos por dengue, em 2020 apenas um foi registrado.
Mesmo com a redução na maioria dos municípios, 13 cidades alagoanas registraram aumento no número de casos em 2020. Veja a seguir:
Dengue não tira férias
De acordo com a infectologista Mardjane Lemos, a grande redução pode ser explicada por dois fatores: uma possível subnotificação por conta da Covid-19 e um pico seguido de quedas que acontecem, no caso das arboviroses, a cada três ou quatro anos.
“São quatro tipos de vírus da dengue e, após a infecção a pessoa fica imune àquele tipo. Então, como geralmente o vírus predominante durante um período é um deles, depois de um pico, uma fração da população fica imune ao vírus e aí reduz a circulação desse vírus, por disseminação da imunidade”
— Mardjane Lemos, médica infectologista / Foto: Ascom Sms
“A imunidade, ao que tudo indica, é permanente [ao tipo de vírus]. Então, aquelas pessoas que estão mais suscetíveis, moram na área de maior infestação, se infectam e ficam um tempo sem se reinfectar, porque o vírus circulante naquele período de três ou quatro anos é aquele ao qual ele é imune”, completa Lemos.
Mesmo com a redução os cuidados precisam ser redobrados, como manter lixeiras fechadas; não deixar água acumulada em áreas de serviço, vasos de plantas e outros recipientes; tampar tonéis, piscinas e caixas d’água; deixar garrafas sempre viradas com a boca para baixo; limpar ralos e calhas; entre outros cuidados que não permitam o acúmulo de água e proliferação do mosquito transmissor da doença.
Chã Preta foi o município com mais casos por habitante
Localizada na Zona da Mata alagoana e com uma estimativa populacional de 7.311 habitantes, a cidade de Chã Preta contou com a maior incidência de dengue por morador no ano passado. Para facilitar a compreensão, o cálculo foi feito considerando quantas pessoas teriam sido contaminadas pelo mosquito a cada 100 mil habitantes.
No caso de Chã Preta, quase 739 pessoas a cada 100 mil habitantes contraíram dengue. Na sequência aparecem os municípios de Paulo Jacinto (675), Delmiro Gouveia (411), Ibateguara (403) e Maragogi (291). Confira a seguir.
A Secretaria de Estado da Saúde de Alagoas esclarece que os dados de 2020 estão sujeitos a revisão pelas Secretarias Municipais de Saúde.