Em Alagoas, instrumento para cirurgia menos invasiva ainda é escasso no SUS

Hospitais públicos estaduais e municipais não contam com laparoscópio; estado possui o menor número do Nordeste

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Com a evolução da medicina e da tecnologia, cada vez mais são realizadas cirurgias através da laparoscopia, um procedimento de cirurgia por vídeo que é minimamente invasivo ao corpo humano, diferente das convencionais cirurgias abertas. Enquanto na rede privada é comum ter os materiais necessários para o procedimento, na rede pública os recursos ainda são escassos e mais invasivos.

O que mostram os dados:

  • De acordo com o Datasus, Alagoas é o único estado da região Nordeste que não possui nenhum laparoscópio na rede pública estadual ou municipal. Já na Administração Pública Federal existem oito unidades no estado, sendo todas no Hospital Universitário da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). De toda a região, é o estado com menor quantidade de laparoscópios.
  • Piauí aparece nos dados com cinco unidades do equipamento na rede estadual e um na rede municipal, totalizando seis pela Administração Pública. O estado ainda possui seis unidades em Empresa Pública ou Sociedade de Economia Mista.
  • Sergipe possui apenas três unidades na Administração Pública Estadual, mas nenhuma unidade pela rede municipal. Contudo, 51 equipamentos estão dispostos em Empresa Pública ou Sociedade de Economia Mista, a exemplo do Hospital Universitário da Universidade Federal de Sergipe, que tem registro de 50. 

Laparoscópios na rede pública

A Agência Tatu questionou a Secretaria de Estado da Saúde de Alagoas (Sesau) sobre a falta de equipamentos no estado, já que isso representa um benefício à população que precisa realizar cirurgia de diversos tipos.

Em resposta, a Sesau afirmou que realizou um processo licitatório para a aquisição de sete unidades de laparoscópio, investindo R$ 2,6 milhões, e que a previsão é que ocorra a instalação dos equipamentos nas unidades de saúde até o início do segundo semestre deste ano. Confira a nota da Sesau na íntegra ao final da reportagem.

Rede pública x rede privada

Dados representam o somatório dos equipamentos que existem na Administração Pública Federal, Estadual, Municipal e em Empresas Públicas ou Sociedade de Economia Mista, até fevereiro de 2023.

Como funciona a laparoscopia:

  • A laparoscopia ou videocirurgia consiste em uma pequena incisão na região a ser examinada ou tratada, geralmente no abdômen ou tórax, por onde é introduzido o laparoscópio, que é um tubo fino de fibras óticas. Por meio deste equipamento o médico irá visualizar e tratar os órgãos internos.
  • As cirurgias por laparoscopia são minimamente invasivas ao corpo humano, trazendo diversos benefícios ao paciente, como a menor chance de infecção hospitalar, menor dor no pós-operatório, além de recuperação mais rápida, em comparação com a cirurgia aberta.
Imagem mostrando a diferença entre laparoscopia e cirurgia convencional

À esquerda cirurgia por laparoscopia; à direita cirurgia aberta | Ilustração: Revista Saúde

O médico coloproctologista Elias Couto, que atua em videocirurgia e robótica colorretal, explica quais as vantagens associadas à cirurgia menos invasiva, entre elas o resultado estético e o retorno mais rápido às atividades de rotina.

“Quando se opera uma hérnia inguinal por vídeo, por exemplo, coloca-se uma tela [no local da incisão] e uma semana depois o paciente pode trabalhar, duas semanas depois ele pode ter uma atividade com algum esforço físico. Se operar uma vesícula hoje de manhã, à noite você já pode dar alta para casa. Já quando se faz por via aberta, o paciente demora alguns dias no hospital, pois um corte grande incomoda muito mais” – Elias Couto, médico coloproctologista

Observando os números de todo o Brasil, chama a atenção o caso do Acre, que possui somente três unidades do equipamento em todo o estado, considerando inclusive iniciativas privadas e administração pública. O Amapá é o segundo estado em situação mais escassa, com apenas nove laparoscópios no total.

NOTA DA SESAU

Seguindo a determinação do governador Paulo Dantas, o secretário de Estado da Saúde, médico Gustavo Pontes de Miranda, tem atuado para ampliar a Rede Pública de Saúde e dotá-la de estrutura necessária para atender com agilidade, eficiência e humanização aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS). 

Para isso, além de investir na construção de modernas e amplas unidades de saúde e de contar com profissionais altamente capacitados, está adquirindo equipamentos de última geração, que garantam aos pacientes a realização de procedimentos minimamente invasivos e com alto poder de resolutividade. 

Entre os equipamentos em processo de aquisição está o laparoscópio, onde a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) realizou processo licitatório para a aquisição de sete unidades, investindo R$ 2,6 milhões com recursos próprios.

Nesta terça-feira (18/04), o processo encontra-se na Procuradoria Geral do Estado (PGE) e, após o parecer favorável – trâmite que é exigido pela legislação vigente – ele será remetido à Secretaria de Governo para a devida autorização. 

Na sequência, ocorrerá a assinatura do contrato com a empresa vencedora da licitação, culminando com a entrega dos equipamentos ao Estado, que fará a instalação em suas unidades de saúde, o que deve ocorrer até o início do segundo semestre deste ano.

Dados abertos

Prezamos pela transparência, por isso disponibilizamos a base de dados e documentos utilizados na produção desta matéria para consulta:

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