O desmatamento foi o principal responsável pelas emissões de gases de efeito estufa no Brasil em 2023. Esse fator se repete no Nordeste, que é a segunda região do país que mais emite carbono devido ao desmatamento. De acordo com dados analisados pela Agência Tatu, somente naquele ano, o Nordeste emitiu o equivalente a 246,7 milhões de toneladas de CO².
A região perde apenas para o Norte, historicamente marcada pelo desmatamento da Amazônia, conforme as informações extraídas do Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG).
A quantidade de gases de efeito estufa liberada pela mudança no uso da terra no Nordeste é quase 10 vezes maior que a registrada em toda a Região Sul, que emitiu 24,9 milhões de toneladas de desmatamento no mesmo período.
O ranking de emissões por desmatamento entre os estados da região é composto pelo Maranhão que aparece na liderança, com 126.106.257 milhões de CO2, seguido pela Bahia (66.832.276 milhões) e pelo Piauí (23.071.187). Esses são estados que compõem a fronteira agrícola do Matopiba, no bioma Cerrado.
A instituição classifica as emissões de carbono equivalente (gases de efeito estufa) em setores, categorias e subcategorias emissoras. Com base nos dados analisados, é possível observar que a principal categoria emissora de gases estufa é a de ‘Alterações de Uso da Terra e Floresta’, impulsionada pelo desmatamento. A segunda maior categoria é a ‘Agropecuária’, principalmente devido ao processo digestivo dos ruminantes que fazem parte de grandes rebanhos na agropecuária.
Veja no gráfico abaixo quais setores mais emitem carbono:
Em outra análise da Agência Tatu, também baseada em dados do Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG), já mostramos como São Desidério, no Oeste da Bahia, é o município com a maior emissão de carbono do Nordeste.
Em 2023, a cidade de pouco mais de 33 mil habitantes lançou 7,9 milhões de toneladas de CO₂, volume que equivale a mais da metade do total registrado na metrópole de São Paulo. A principal fonte dessa emissão é a mudança no uso da terra e o desmatamento, impulsionados pela forte expansão agrícola na região do Matopiba, que inclui os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.
Veja ranking de emissão por estados:

Para David Tsai, engenheiro químico e coordenador do painel SEEG, a prática do desmatamento é intensa e ocorre historicamente no Brasil. Mas, segundo ele, uma série de ações podem ser tomadas. “Cito algumas principais: eliminar o desmatamento, criar mecanismos para rastrear a cadeia produtiva da carne e aumentar sua eficiência, planejar as cidades e os sistemas intensivos no uso de energia para evitar desperdícios e mudar a matriz energética para o uso de energias renováveis e realizar uma boa gestão de resíduos”, detalha.









