Porto de Pedras tem a gasolina mais cara de Alagoas

Levantamento exclusivo aponta valor médio da gasolina em mais de 400 postos alagoanos

Posto de Gasolina de Porto de Pedras
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Localizada no litoral norte de Alagoas e a 120 km de Maceió, a cidade turística de Porto de Pedras é conhecida por suas belas praias e por ser refúgio para o carismático peixe-boi. No entanto, quando os moradores e turistas precisam abastecer, no único posto da cidade, sentem no bolso o peso da gasolina mais cara do estado.

É o que aponta o levantamento exclusivo feito pela Agência Tatu, que analisou os preços do combustível nos mais de 400 postos distribuídos pelo estado, levando em consideração as gasolinas comum e aditivada. (veja a metodologia)

Os dados foram extraídos a partir de notas fiscais emitidas pelos postos de combustíveis, disponibilizados pela Secretaria de Estado da Fazenda. A análise abrange um período de 20 dias, de 9 a 29 de julho deste ano.


A variação é de 29,82%, no preço da gasolina, entre os postos de Alagoas, o que representa mais que R$1 de diferença a cada litro. O posto com o menor preço do período se localiza no bairro do Jacintinho, em Maceió, com o valor médio de R$3,98. Já o posto com os preços mais altos fica em Porto de Pedras, onde a gasolina foi vendida a R$5,18, em média.

Para encher o tanque de um carro popular (que tem capacidade para 54 litros) no posto mais econômico, o consumidor gastaria R$214,92; no estabelecimento mais caro, o valor seria de R$ 279,72, uma diferença de R$64,80.

O levantamento aponta que quanto mais distante da capital, os preços tendem a ser mais elevados. No gráfico acima, cada ponto representa um posto. Quanto mais alto ele aparecer, mais caro é o preço médio registrado; quanto mais à direita, mais longe da capital.

De acordo com o economista Rômulo Sales, a distância dos postos em relação aos centros de distribuição pode influenciar no preço dos combustíveis, mas esse não é o único fator importante. Custos administrativos de cada posto e maior ou menor demanda também são importantes na formação do preço final.

“Há de se levar em conta também o volume vendido, dado que os caminhões saem da distribuidora com um volume mínimo. Quanto menor o volume a ser entregue, mais oneroso pode ficar o preço na bomba para o consumidor”, pontua o economista. “Vale ressaltar que em cidades do interior há uma grande tendência ao uso de motocicletas, que são mais econômicas e por isso fazem o consumidor ir menos vezes aos postos. Com menor demanda e custos fixos inalterados, os postos podem não ter muita margem para redução de preços”, explica.

Dos 102 municípios alagoanos, 26 possuem apenas um posto de combustível, 22 têm apenas dois e 17 possuem 3 postos. Apenas 19 municípios possuem mais que 5, enquanto 12 não possuem postos de combustível ou não efetuaram vendas no período.

Confira a média de preços em cada município do estado no mapa abaixo.


O coordenador jurídico do Instituto de Proteção e Defesa do Consumidor  (Procon) de Alagoas, Francisco Malaquias Neto, conta que uma parceria entre o órgão e a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) permite o constante acompanhamento dos valores cobrados, além da realização periódica de fiscalizações nos estabelecimentos, para averiguar a quantidade e qualidade dos combustíveis, bem como das conveniências.

“Como se sabe, os preços dos combustíveis são determinados pelo mercado. Cabendo ao Procon verificar se há alguma abusividade, isto é, o órgão não pode impor preços, mas somente inibir as práticas abusivas”, relata o coordenador.

Nos casos de irregularidades, o órgão fica responsável por estabelecer multas dentro dos parâmetros que estão no Código de Defesa do Consumidor e no Decreto 2.181/97, levando em consideração a gravidade da infração, porte da empresa, reincidência, dentre outros critérios a serem analisados caso a caso.

Com relação a denúncias de práticas de Cartel, o caso é reconduzido aos órgãos competentes, como Ministério Público e ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

A reportagem da Agência Tatu tentou entrar em contato com os responsáveis pelo posto de combustíveis de Porto de Pedras, mas não conseguiu contato através dos telefones divulgados pela empresa.

Dados abertos

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