Post distorce reportagem para acusar Eduardo Bolsonaro de doar dinheiro público a Trump

Intercept revelou, na verdade, pagamento do Partido Liberal (PL) ao advogado Sérgio Sant’Ana, sócio de Eduardo

não é bem assim: sobre doação de Eduardo Bolsonaro para Trump
Predominantemente falso
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Conteúdo investigadoPublicação afirma que o site Intercept publicou a denúncia de que o deputado Eduardo Bolsonaro doou R$ 160 mil em dinheiro público para a campanha de Donald Trump, que é novamente candidato à presidência dos EUA. O post utiliza uma foto do candidato ao lado do filho de Jair Bolsonaro e do deputado Mário Frias (PL-SP).

Onde foi publicado: X

Conclusão do Comprova: É enganoso que o site Intercept Brasil tenha revelado que o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) doou dinheiro público para a campanha do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A postagem distorce uma reportagem publicada pelo veículo no dia 23 de maio, que revela o pagamento de R$ 160 mil provenientes do fundo partidário do Partido Liberal (PL) para o advogado Sérgio Sant’Ana, sócio de Eduardo Bolsonaro. O post com alegações enganosas foi feito cerca de três horas após a publicação da reportagem.

De acordo com a publicação do Intercept, Sant’Ana é diretor do Instituto Conservador-Liberal, uma organização criada em sociedade com Eduardo Bolsonaro que tem como missão principal a organização das edições brasileiras da Conferência da Ação Política Conservadora (CPAC). O evento, que teve origem nos Estados Unidos, é realizado no Brasil há cinco anos e é organizado pelo instituto desde 2021.

Ao contrário do que alega a postagem, que foi excluída pelo administrador do perfil, não há menção a Trump na reportagem. A imagem utilizada no post é do ex-presidente norte-americano com Eduardo e com o deputado federal e ex-secretário de Cultura no governo Bolsonaro, Mário Frias (PL-SP). O encontro ocorreu em 13 de março deste ano, na casa do republicano em Mar-a-Lago, na Flórida.

Segundo o Intercept, o pagamento do PL ao sócio de Eduardo na organização do CPAC chama a atenção porque, em 2023, o partido utilizou sua Fundação Álvaro Valle para bancar todos os ingressos da edição brasileira do evento. A fundação é mantida, em parte, com recursos do fundo partidário.

A reportagem tentou entrar em contato com o perfil que publicou as alegações falsas, mas não foi possível enviar mensagem.

Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até terça-feira (28), a publicação tinha quase 380 mil visualizações no X.

Fontes que consultamos: Inicialmente, realizamos uma busca por reportagens do Intercept que mencionam o deputado federal Eduardo Bolsonaro. Utilizando o Google, identificamos a reportagem que aborda o uso de recursos do fundo partidário pelo PL para pagar o advogado Sérgio Sant’Anna.

Por que o Comprova investigou essa publicação: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas, saúde, mudanças climáticas e eleições no âmbito federal e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: A distorção de reportagens veiculadas por meios de comunicação para espalhar denúncias falsas sobre figuras públicas e políticos é uma das táticas utilizadas por propagadores de desinformação. Em outro contexto, o Comprova desmentiu uma postagem publicada no X, que distorceu uma reportagem do jornal britânico Financial Times, alegando que o veículo teria afirmado categoricamente que o governo americano interferiu nas eleições brasileiras para favorecer Lula.

Metodologia

A matéria faz parte de uma curadoria de checagens de fatos do Projeto Comprova, uma coalisão de veículos de comunicação que se dedicam a combater a desinformação da qual a Agência Tatu é integrante.

Encontrou algum erro? Nos informe por aqui.

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