Oxe, é fake! Código de validação do título eleitoral com nome de Lula é falso

Código é emitido aleatoriamente; dígitos em mensagem falsa não são reconhecidos por sistema do TSE

Título de eleitor com código de validação com nome de Lula é falso - capa matéria
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É falso que a emissão ou transferência do título eleitoral em 2022 teria incluído o nome do ex-presidente Lula no código de validação do documento. Também é falso que os dígitos teriam algum poder de determinar o voto dos eleitores. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) informou que o código é gerado aleatoriamente e não interfere no voto. A sequência de letras e número em imagem compartilhada não é reconhecida em consulta no site do TSE. A imagem original foi alterada para incluir o nome do candidato petista no lugar do código verdadeiro .

O que estão dizendo? 

Um áudio acompanhado da foto de um título eleitoral circula nas redes sociais com a informação de que o código de validação do documento teria o nome de Lula e do PT. A mulher que narra o suposto “golpe” insinua que o código teria o objetivo de automatizar o voto no candidato a presidente da República.

“As pessoas novas que tiraram o título este ano ou os que transferiram, eles dão um papel e lá tem o QR Code e escrito Lula 13. Um camarada do Rio Grande do Sul postou, um de Vitória, outro do Amapá, então fui olhar o meu e também tem L13. Aí que tá o golpe, na hora da votação já sai o nome do Lula”, afirma a mulher, que não se identifica.

Na foto, há a suposta prova do que o áudio diz. Seria o título de um eleitor do município de Calçoene, no Amapá, que teria o código de verificação PK0+.LULA.PTWV.BU8X.

Oxe, é fake!

O TSE desmentiu o conteúdo e esclareceu que os códigos do sistema de autenticação são gerados aleatoriamente, sem escolha de combinações para a sequência de caracteres. “Portanto, [o TSE] desmente a alegação de que faria uso do sistema para manifestar qualquer posicionamento político-partidário e/ou passar mensagens subliminares às eleitoras e eleitores”, afirmou o tribunal por meio de nota.

Ao Nordeste Sem Fake, o Tribunal Regional Eleitoral do Amapá (TRE-AP), reforçou a finalidade do código, que não é utilizado no momento da votação: “A ferramenta serve para confirmar a autenticidade dos documentos emitidos por meio do Portal do TSE e foi criada com o objetivo de facilitar o acesso do eleitorado aos serviços da Justiça Eleitoral. O código não é capaz de interferir no resultado da eleição”.

A partir de consultas no site do TSE, é possível confirmar que o documento foi emitido e contém informações verdadeiras. No entanto, ao consultar a autenticidade do título utilizando o código de verificação, o portal não reconhece o título. “Dados informados não conferem com nenhum documento emitido pela Justiça Eleitoral”, diz a mensagem quando se tenta validar os dados.

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A checagem tentou fazer a leitura do QR Code na câmera do celular, mas não obteve êxito. Outros detalhes da mensagem falsa, que reforçam seu caráter duvidoso, é o fato da mulher não se identificar, afirmar que se mudou de Caldas Novas, mas omitir o destino e ter uma rede de amigos de regiões distintas que teriam o título na mesma situação. A eleitora insinua que o TSE teria adotado um sistema que manipularia o resultado da eleição, além de incentivar que mais pessoas façam denúncias ao Ministério Público para evitar o possível “golpe”.

A checagem também observou a sequência do código verificador no título de um eleitor de Maceió-AL, que teve o documento emitido este ano, e de um eleitor de Teresina-PI que transferiu o local de votação. Nos dois casos não há formação de qualquer nome (imagem abaixo).

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Códigos de documentos reais. Não é possível acessar informações pessoais online apenas através dos códigos.

O TSE passou a emitir o Título de Eleitor com o QR Code em 2019, substituindo a assinatura e o modelo em formulário pré-impresso. A medida está alinhada ao uso do e-Título, que substitui o documento impresso até na hora de votar.

Nordeste Sem Fake

O conteúdo falso foi encontrado pela robô Dandara, que monitora diariamente diversas redes sociais em busca de publicações com conteúdos potencialmente relacionados à desinformação. O trabalho tem a participação dos checadores do projeto Nordeste Sem Fake, da Agência Tatu. Mais checagens de fatos estão disponíveis no site.

Encontrou algum erro? Nos informe por aqui.

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